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Estudo com participação de professor da UFPB aponta perda de habitat vital em rio nos Estados Unidos

publicado: 30/07/2024 18h15, última modificação: 30/07/2024 18h15
Em colaboração com professores da University of South Alabama, o artigo aborda a degradação ambiental de um importante rio dos Estados Unidos

 Foto: Gabriel de Oliveira

Um estudo realizado com a participação de um docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta que entre os anos de 2001 e 2019, houve uma perda contínua de habitat vital no rio Mobile-Tensaw do Alabama nos Estados Unidos. Os dados utilizados no estudo foram obtidos por meio de sensoriamento remoto, modelagem geoespacial e análises estatísticas.

artigo científico "Safely manage Alabama’s Mobile-Tensaw Delta" (Manejo seguro do delta do rio Mobile-Tensaw, em tradução livre), que tem a participação do docente Celso Santos, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA) da UFPB, foi publicado em maio deste ano na revista Science.

O trabalho foi realizado em conjunto com o cientista Guilherme Mataveli, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e com os pesquisadores Gabriel de Oliveira, John Lehrter e Sean Powers, da University of South Alabama.

O professor da UFPB foi convidado a colaborar com o estudo estadunidense devido à sua vasta experiência com o uso de big data e análises estatísticas em pesquisas acadêmicas. Além disso, seus estudos sobre os impactos ambientais causados por atividades humanas também contribuíram para essa colaboração. Destacam-se entre seus trabalhos a pesquisa que revelou um aumento na frequência e gravidade dos eventos de seca no Brasil, e outro estudo realizado no município do Conde, que projetou uma possível inundação de até 12% da área do município em decorrência da elevação do nível do mar.

 

Realizado em colaboração com a universidade norte-americana, o estudo foi iniciado em 2020 e está em andamento. Ele explora os novos desdobramentos no ecossistema do delta do rio Mobile-Tensaw, localizado no Alabama, Estados Unidos. Um delta é uma formação geográfica caracterizada pela divisão do rio em vários canais ou braços, formando uma rede complexa que distribui sedimentos em uma área ampla, sendo tipicamente rica em biodiversidade. Esse ecossistema está enfrentando uma degradação significativa devido ao desmatamento e à expansão urbana.

O uso do sensoriamento remoto, modelagem geoespacial e análises estatísticas permitiu avaliar os impactos das mudanças climáticas e antropogênicas na região. Utilizando essas ferramentas, os pesquisadores realizaram estudos comparativos de séries temporais de cobertura do solo e análises da variabilidade de precipitação. Essas análises ajudaram a correlacionar a expansão urbana e as práticas de manejo do solo com as alterações nos regimes hidrológicos e na qualidade da água.

 

De acordo com Celso Santos, o ambiente do Delta do rio Mobile-Tensaw  é essencial para a sobrevivência e o bem-estar de espécies específicas de plantas e animais. Essa situação evidencia a necessidade de reavaliar e fortalecer as medidas de proteção existentes. Estratégias importantes incluem parcerias público-privadas, incentivos para proprietários privados — considerando que mais de 94% das terras florestais no Alabama são propriedade privada — e o manejo ambiental do rio, para garantir sua preservação nos próximos anos.

“A expansão urbana e a redução das áreas florestais, juntamente com o aumento do nível do mar, ameaçam as áreas baixas com inundações, poluição e intrusão de salinidade, afetando os ecossistemas de zonas úmidas florestadas. Essas mudanças estão transformando estas áreas em marismas ou águas abertas. Além disso, a poluição por metais pesados e hidrocarbonetos poliaromáticos reforça a necessidade de estratégias de conservação direcionadas e cientificamente fundamentadas. Tais estratégias enfatizam a importância de parcerias público-privadas e incentivos para proprietários de terras privadas, a fim de proteger eficazmente este ecossistema crítico”, conclui o docente.

 

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Texto: Aline Ferreira
Edição: Aline Lins
Fotos: Gabriel de Oliveira
Ascom/UFPB